domingo, 10 de novembro de 2019

HM na Biblioteca Maria Keil em Lisboa


Estivemos ontem na Biblioteca Maria Keil em Lisboa, no Lumiar, a apresentar "Enquanto o meu cabelo crescia". Inserida num bairro social que faz fronteira com a chique "Alta de Lisboa", salta à vista a contradição entre o desenvolvimento de um lado e o abandono do outro. Extensos relvados e prédios de luxo versus habitação social envelhecida e lixo na rua. É assim que está a crescer Lisboa?  Pelo que se vê aqui, estão a cometer-se os mesmos erros e aberrações urbanísticas do passado. Não sobrou um tostão da construção daquele empreendimento de topo para recuperar, melhorar e integrar o bairro e as pessoas que já ali estavam? Chocante!

Por fora, a biblioteca confunde-se com o típico café português de toldo branco e portas de alumínio. É uma biblioteca com recursos escassos mas que que cumpre um papel fundamental e indispensável na comunidade. Fomos recebidos com informalismo e uma enorme simpatia, a começar no senhor da segurança e na senhora da limpeza, terminando na coordenadora Cristina Dias. Foi ela que nos contou a importância que este espaço ganhou nos últimos 12 anos, principalmente para as crianças mais pobres cujos pais não têm condições para os manter em casa depois da escola. Falou-nos também da excelente relação que se estabeleceu com a vizinhança: ontem, uma vizinha foi entregar-lhe uma tigela de sopa de grão porque era sábado e porque depois da nossa sessão, a Cristina ainda ía ter que orientar uma sessão de cinema até bastante tarde.

Tivemos um público variado entre pais, mãe, avós e respectivas crianças e um grupo de irmãos que chegou sem acompanhamento porque os pais estão em África e os avós com quem vivem não estavam disponíveis. Eles estão habituados a isso e sentem-se em casa ali. Assistiram à nossa história, depois foram para os computadores e à tarde iam ver a sessão de cinema.

E tudo isto, rodeados de livros que uns e outros vão escolhendo, folheando, lendo.

A Cristina disse-nos que eles não íam esquecer a nossa sessão. Fico feliz por ouvir isso e por sentir que o que fazemos tem alguma utilidade para além do momento em que acontece.

Aqui ficam algumas fotos e muito obrigado a todos!















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