quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Mafalda sempre! Viva o Quino!

 




Não há humor melhor que o da Mafalda, da mãe e do pai dela, do Miguelinho, do Manelinho e do Sr. Manolo, do Filipe, da Susaninha, do Gui e da Liberdade. A Mafalda é a personagem mais perfeita de sempre de banda desenhada. As piadas são todas geniais, os desenhos também. Nunca deixei de ler a Mafalda, parto-me a rir hoje como quando tinha 9 anos e ainda nem sequer percebia as piadas todas.
Obra do genial Quino que hoje deixou o mundo aos 88 anos.  





sábado, 19 de setembro de 2020

Esclarecimento

As histórias magnéticas existem há 10 anos e fiz este blogue para ir registando o historial das nossas apresentações, viagens, notícias, trabalhos das crianças nos nossos ateliês, etc. É muito importante porque me ajuda a manter a disciplina e uma noção melhor do que ando a fazer com isto ao longo do tempo. Temos uma página no facebook mas ela é actualizada pela nossa colaboradora Sofia Afonso porque eu não gosto dessa ferramenta nem nunca a usei. 


Serve ainda para eu apontar para outras coisas que acho interessantes e importantes e para reflectir e registar a minha opinião nesse momento sobre elas. Coisas que se podem relacionar mais ou menos com as HM. Mas, ao interessarem-me, refletem-se de certeza no resultado daquilo que faço.


Tudo isto é muito egoísta: eu, eu, eu, eu…. Mas a verdade é que a maior fatia da minha actividade é feita solitariamente, no meu micro-estúdio caseiro. Preciso do silêncio e de uma certa escuridão para me concentrar e focar no desenvolvimento de uma ideia e nos sons que vão aparecendo. Acho que é parecido com a rotina das pessoas que escrevem. A protecção do mundo interior é muito importante e prioritária. Este blogue é feito assim.


Eu sei que é um blogue muito pouco visitado, excepto depois das sessões das HM quando as crianças/turmas/professores/encarregados de educação querem ver as fotos da sessão, mas mesmo aí, somos poucos. Aceitar e continuar apesar disso, é uma lógica bastante contrária à da internet dos dias de hoje que assenta no número de likes, amigos e visitantes. Teimosamente, enquanto não me expulsarem ou até eu decidir que já chega de subserviência à Google, cá me vou mantendo, divertindo, experimentando e partilhando.


As HM destinam-se às crianças mas sem uma abordagem infantilizada. Não troco nenhum acorde por outro mais consonante nem nenhuma palavra por outra mais fácil. Sei que esta opção afasta à partida algumas mães e pais mas não me lembro da última vez em que uma criança tenha perdido o interesse durante uma das nossas sessões. Elas escolhem como querem estar, podem estar deitadas ou a olhar para o lado, mas é muito raro perderem a atenção e desinteressarem-se.


A partir de 2018/19, o conteúdo dos posts politizou-se. Há muito tempo que sentia desejo de tomar uma posição clara nesse sentido enquanto artista mas andava a hesitar. 


Percebi que não podia desperdiçar a edição do nosso primeiro CD que iria estar à venda e circular por escolas e bibliotecas e decidi incluir na capa uma rodela bem visível desenhada pelo Carlos Bártolo “Contra o racismo, a xenofobia e a homofobia. Pela Cultura, a arte e a educação”. 








Foi o princípio. Desde então, passei a usar o espaço deste blogue e o meu trabalho, para contrariar e denunciar, sempre que acho importante, a onda fascista, contra os direitos humanos e contra a Liberdade que vai ganhando força no mundo todos os dias.







Percebo que me critiquem pelo conteúdo de alguns posts se desviar dos propósitos iniciais deste blogue. Só que os tempos que atravessamos, não me dão alternativa. Por nós, pelas crianças, por todos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Uma lição em capitalismo selvagem

 

É mesmo uma lição em capitalismo selvagem, a entrevista ao empresário Álvaro Covões - presidente da “Everything is New” entidade promotora do festival NOS ALIVE - no programa da RTP3, “Tudo é economia” (7/7/20). Espreitem este excerto:


P: “Como é que tem visto a actuação da ministra da cultura neste processo, ela que tem sido alvo de tantas criticas no sector?


R: Há dois sectores: há as pessoas e depois há as empresas. Mas as empresas também têm empregados. No que diz respeito às empresas, como vemos, o anunciado apoio à cultura não é um apoio à cultura. É um apoio a trabalhadores independentes e a artistas e a entidades não lucrativas. Os apoios que estão disponíveis são esses e portanto as empresas foram todas deixadas para trás. E assim vai ser difícil. Nós sabemos que a economia faz-se é com empresas, não se faz com trabalhadores independentes.”


Esta é a lógica que defende a entrega da gestão da cultura (e tudo o mais) aos privados. Isso representaria o fim de um apoio garantido e continuado à investigação, à música contemporânea, às edições alternativas, à experimentação e por aí fora, ou seja, a todas as áreas da actividade artística que não sendo lucrativas, segundo esta lógica, não contam. 


Esta é a lógica do afunilamento das opções que garante apenas o enriquecimento de uns à custa do empobrecimento de outros, ao mesmo tempo  que arraza a diversidade, estagna o desenvolvimento da cultura, limitando-a ao propósito comercial e assim, transformando-a noutra coisa qualquer. Uma ideia predatória.


Eu defendo o contrário: um aumento relevante para valores realistas da fatia para a cultura no orçamento de estado e politicas que mostrem claramente que os governos democráticos conhecem, protegem e garantem a diversidade cultural para que não se caia na situação de ficarmos ainda mais limitados e dependentes exclusivamente das vontades, gostos e sede de mais e mais lucro de meia dúzia de empresários.


O que não faz mesmo sentido na resposta do empresário Álvaro Covões é que dentro da sua lógica capitalista, venha agora, na crise da pandemia, pedir socorro ao Estado. 


E fê-lo com afirmações provocatorias que só pretendem dividir o sector: “Nós sabemos que a economia faz-se é com empresas, não se faz com trabalhadores independentes.”


Chocante mas bem real.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Mário Franco Trio

Toquei com o Trio de Mário Franco (baixo eléctrico e contrabaixo) + Alexandre Frazão (bateria) na série de concertos "Há música na Casa da Cerca" em Almada.
Aqui fica o vídeo lançado a 28 de Agosto. Espero que gostem!




Cidadania e desenvolvimento

A Escola precisa há muito de ser renovada. No actual sistema, os alunos são preparados para passar de ano e para conseguir uma média final que lhes permita entrar num curso e se não for aquele que imaginavam, paciência. Nas reuniões escolares entre encarregados de educação e professores, passam-se horas a discutir coisas como a segurança na escola e o acesso à faculdade. Pouco mais parece interessar. Este é o ponto em que estamos.


A disciplina de Cidadania e Desenvolvimento pode e deve ajudar, entre muitas outras coisas, a dar aos alunos o espírito critico que, no presente estado de coisas, a escola e a sociedade lhes vai apagando.


Sim, cria-se o “risco” de eles pensarem e escolherem pelas suas próprias cabeças, de passarem a ser cidadãos informados e participativos e, claro, incómodos (para a ordem estabelecida).


É perante esta possibilidade que reagiu um grupo de personalidades portuguesas muito conservadoras e até escreveu um manifesto. São pais, mães, bispos e cardeais que representam a resistência à dessacralização de valores que, por exemplo, silenciam, isolam e descriminam adolescentes LGBTI e transforma o seu desenvolvimento numa experiência infernal que em tantos casos, conduz ao suicídio. 


Defendendo precisamente o contrário - que o lugar da educação sexual ou dos direitos humanos é na escola e não na família - agradeço no entanto a reação pública deste grupo de cidadãs e cidadãos que só veio confirmar a importância da matéria e a sua inquestionável permanência num currículo escolar actual, como disciplina obrigatória, mais do que nunca!