Regressámos hoje ao Teatro da Voz para fazer "Não se deixem enganar! - um conto panfletário de 2019" para uma turma do 4ºano da Escola do Castelo, orientada pela professora Alcina (obrigado professora pela sua colaboração, atenção em toda a sessão e excelentes ideias que vamos guardar para próximas sessões!)
Foi tão bom estar outra vez com as crianças à nossa frente, fazer o nosso trabalho no contexto para o qual foi idealizado. Enquanto aguardávamos no camarim pelo sinal para entrarmos em cena, eu e a Isabel sentimos uma enorme emoção quanto ouvimos as vozes deles a entrar na sala. "Estamos todos de volta! Vamos a isso!", pensámos ao mesmo tempo.
É ainda mais especial fazer esta história na semana em que se comemora o 25 de Abril de 74. Fazer parte activa da celebração dessa data.
Pela reacção de todos, acho que a mensagem passou: "a liberdade é uma luta constante", como disse a activista Angela Davis, aliás uma frase pintada em letras grossas na escada deste Teatro. Em Portugal, muitos lutaram para que a revolução acontecesse mas as gerações seguintes não se podem iludir com o que foi conquistado e achar que todas as liberdades estão agora garantidas.
E por isso é importante contar histórias do antes do 25 de Abril e dos traumas e consequências terríveis que os 48 anos de ditadura tiveram na população e no desenvolvimento do país. Não apagar, não esquecer, enfrentar.
A história que contamos é uma delas. E, como comentou a professora auxiliar no fim, "estas são as histórias que ninguém conta".
Durante o atelier, uma das alunas mais intervenientes descreveu desta forma brilhante o ambiente do país durante o fascismo: "só havia liberdade para cheirar!"
Falou-se muito de traumas e dos medos mas também da coragem. A coragem de todos os que nunca desistiram de enfrentar e desafiar a ordem imposta pelo regime quer fosse através da acção política, da arte ou simplesmente alguém que assumisse publicamente "eu sou gay".
Muito obrigado a todos! Até à próxima!
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