sábado, 28 de outubro de 2017

Alerta! Um disco perfeito: BrightBird


O João Paulo Esteves da Silva (piano), o Mário Franco (contrabaixo) e o Samuel Rohrer (bateria), gravaram um disco perfeito de uma ponta à outra: "Bright Bird". 13 faixas improvisadas sem hesitações, sem uma nota a mais, apenas uma comunhão fenomenal entre os 3. Absolutamente ARRASADOR!

"This balanced music has no need to pound or harass. It develops its strength from congenial casualness. Improvised bagatelles add together to form an unobtrusive bath of sound because no-one feels the need to exhibit their virtuosity. This creates a magical triangle." 

É obrigatório apoiar este projecto. Podem ouvir e comprar o disco AQUI.




quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Guarda - Biblioteca Eduardo Lourenço


Acabámos ontem na Guarda a nossa mini-digressão que passou também por Castelo Branco, Cartaxo, Minde, Lisboa, Redondo, Sines e Lagos com o conto "Uma Galinha" da Clarice Lispector.

Em Maio do ano passado, estivemos nesta biblioteca com "O meu primeiro D.Quixote".
Foi óptimo voltar a este espaço dirigido por Américo Rodrigues. Não é uma biblioteca como as outras. Como nos explicou o Américo, a ideia é ir a pouco e pouco, dessacralizando a biblioteca e a relação que a população tem com estes espaços. Aqui há uma programação cultural regular que apresenta projectos como as Histórias Magnéticas, convida artistas de várias áreas para ateliers/conversas sobre o seu trabalho, exposições, concertos, etc, etc... A programação pode girar à volta de um autor ou personagem, como aconteceu com Sancho Pança em 2016.
Aqui há livros velhos que foram abatidos da colecção da biblioteca que estão em mesas e que são oferecidos aos visitantes! (eu trouxe 3! Todos os dias eram acrescentados novos títulos.) Há mesas por todo o lado com livros, cd's e dvd's recomendados. E há sempre qualquer coisa a acontecer no auditório principal - quando lá estivemos, as paredes estavam cobertas com pranchas de banda desenhada de José Ruy e preparava-se para mais tarde a projecção de um filme de Eisenstein. Como se não chegasse, o espaço da garagem foi preparado para poder ser transformado numa pequena "black box" onde acontecem concertos. E é assim que uma biblioteca pode ser um pólo importantíssimo na actividade cultural de uma cidade. Enquanto cá estive, a biblioteca esteve sempre cheia, sobretudo jovens a entrar e a sair com livros debaixo do braço. Seria mesmo bom que todas as bibliotecas seguissem este modelo.

Nas nossas 4 sessões, tivemos crianças do 3º e 4º anos da Escola Básica da Estação, do Centro Escolar da Sequeira e da Escola Regional Dr. José Dinis da Fonseca. À última sessão, assistiram também alunas do curso técnico superior profissional - acompanhamento de crianças e jovens - do Instituto Politécnico da Guarda.

Foi o fim da digressão e gostei de sentir que eu e a Isabel atingimos um grau de liberdade enorme com esta história. Neste conto, a música é muito mais improvisada e de sessão em sessão, ao longo deste ano, fomos transformando e apurando as possibilidades que isso abriu na relação entre a narração e a guitarra. Aqui na Guarda, estávamos no pico da nossa forma, totalmente descontraídos e focados.

Nos ateliers, também nos foram sempre surgindo novas ideias: por acidente, reparámos que podíamos reproduzir a fotografia que usamos do Merce Cunningham em contra-luz na posição "ovo". Acabámos com eles a dançar e a fazer sombras, inspirados nos movimentos "vibráteis" da galinha e ao som da minha guitarra. Foi incrível!

Mais uma vez, fomos surpreendidos pelas interpretações que as crianças fazem deste conto e pelas histórias que nos relatam sobre galinhas. A propósito do final da história de Clarice Lispector, o Afonso disse simplesmente que a família se tinha esquecido da galinha e isso explica o final abrupto e lapidar: "E um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos".

Confessaram-se alguns momentos de crueldade que todos já tivemos sobre os animais - atirar pedras às galinhas ou fisgadas a passarinhos -  mas concordámos que isso faz parte do processo natural do crescimento e da aprendizagem e ninguém tinha ficado com vontade de repetir a experiência.

A propósito do fascínio por galinhas, o Martim contou-nos que o seu irmão de 3 anos é capaz de ficar horas apoiado na rede do galinheiro a observar estas aves de "curto vôo" que "caminham com a cabeça à frente do corpo".

Rimo-nos das galinhas e dos seus movimentos que traduzem "as suas duas únicas capacidades: a da apatia e a do sobressalto", do Charlot a fazer de galinha na "Quimera de Ouro" ou do hipnotizador de galinhas em "O Navio" de F. Felini.

Obrigado a todos mais uma vez e até à próxima!


(roubei a foto em cima do facebook da BMEL tirada pela incansável Ana Pereira que nos apoiou e acompanhou todos os dias. Ana, espero que não te importes!)




























































sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Lagos - Festival Verão Azul


Apresentámos ontem "uma Galinha" no Centro Ciência Viva de Lagos no âmbito do Festival Verão Azul 2017. Foi a segunda vez que participámos neste festival, a primeira foi em Agosto de 2013.

É sempre bom sinal voltar. Quer dizer que correu bem, quer dizer que se estabeleceu uma ligação e isso é muito importante para que festivais como este e projectos como o nosso continuem a existir e a fortalecer como alternativa às programações culturais de comércio que abundam por aí.

É importante relembrar que o apoio da GDA (Gestão dos Direitos dos Artistas) à digressão nacional 2017 das Histórias Magnéticas foi decisivo para a presença neste Festival. Nunca é demais salientar o papel que esta fundação tem desempenhado no apoio às artes nos últimos tempos por oposição, por exemplo, à empresa SPA - Sociedade Portuguesa de (alguns) Autores - que só pensa em facturar.

E, felizmente, a chuva chegou a Portugal!! E felizmente o festival tinha pensado numa alternativa para o espaço exterior que estava previsto e acabámos por ir para dentro do Centro, para uma sala pequena mas com excelente acústica e suficientemente grande para acolher as duas turmas do 2ºano que foram assistir.

Ficámos bem próximo deles como verdadeiros contadores de histórias. Isso permite uma percepção muito mais apurada e total do que fazemos. E aqui tínhamos muitas crianças com galinheiros e histórias sobre galinhas, o que animou muito a conversa depois da apresentação! Todos com o dedo no ar e com mil perguntas e comentários para fazer. Notámos logo pela grau de atenção e nível de participação que se tratavam de turmas com muito bons professores e professoras, crianças muito bem preparadas, curiosas e receptivas. E assim é fácil.

Obrigado a todas as crianças que assistiram e que nos conseguem sempre surpreender, aos professores e claro, a toda a equipa - Mónica, Andrea, Gi, Joana, Nelson, Ana e João (e todos os outros) - pela forma fantástica como acolhem os artistas e inspiram o público com o vosso festival.

Aqui ficam as fotografias que tirámos.