O escritor António Torrado deixou-nos ontem.
Eu fiz a infantil no Externato Fernão Mendes Pinto em Lisboa nos anos 70 e ele era o director. Aquilo era um território à parte dentro do Portugal fascista e desafiava descaradamente o regime: ensinava-se a democracia, o respeito pela pluralidade e a diferença, os valores da Liberdade e, claro, nem pensar em fotos do Salazar ou cruzes de cristo penduradas nas salas!
Lembro-me dos colegas mais velhos terem desenhadas nas mochilas de cabedal siglas de partidos e organizações proibidas. Havia um grande espirito de unidade entre as crianças e todos tinham já consciência da situação politica podre do país.
Tenho as melhores recordações dessa escola e de aí ter vivido e celebrado loucamente o 25 de Abril de 1974!
Lembro-me de me ter cruzado muitas vezes com o António Torrado que às vezes aparecia nas salas de aula só para estar connosco e assistir a alguma actividade sempre com um sorriso grande e uma voz amável.
Cruzei-me com ele há uns anos e ele lembrava-se de mim na escola e do meu apelido invulgar e contou-me que o meu pai era uma “fera” nas reuniões de pais…
Tenho muitos dos seus livros que li repetidamente e com todo o gosto ao meu filho e à minha filha quando eram mais pequeninos.
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