quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Zohra: uma partitura para a liberdade


Ontem, como acontece quase todos os dias, enquanto fazia o jantar, liguei o rádio que está sempre sintonizado na Antena 2. Adoro esta rotina. Tenho um daqueles tijolos velhos indestrutíveis da Grundig que herdei do meu pai, com excelente som stereo, apesar da camada de gordura.  Adoro cozinhar e ouvir ao mesmo tempo as entrevistas do Luis Caetano, os concertos em directo, tudo.  Deve ser uma das melhores estações do mundo. Farto-me de aprender. Este momento do dia é, por isso, sagrado para mim: consigo desligar das obrigações todas e entre o cheiro dos cozinhados, as músicas que não conheço e as reflexões das vozes da rádio, viajo, aprendo e inspiro-me.

Ontem, ouvi uma reportagem fora de série da jornalista Isabel Meira que me comoveu até às lágrimas. Ali estava eu, no conforto da minha cozinha, a levar em cima com uma realidade bem distante, esquecida e diferente de um grupo de raparigas que tocam na orquestra afegã ZOHRA. No Afeganistão, estas raparigas arriscam a sua vida e a dos seus familiares porque querem estudar música, é tão simples quanto isto. Uma delas, diz a certa altura com toda a determinação e coragem, que não vai desistir nunca porque, mesmo que seja morta, outra rapariga vai substituí-la e o importante é continuar a luta para que as gerações futuras possam ter a liberdade que elas não têm.

Obrigado Isabel Meira, obrigado Antena 2 por dar voz ao que é importante e continuar todos os dias, todas as horas e minutos, a difundir e partilhar informação relevante e não a merda de lixo com que todas as rádios e televisões vergadas às regras do mercado, nos sujam todos os dias.

OBRIGATÓRIO OUVIR, DIFUNDIR E PARTILHAR. AQUI!






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