A passagem por Macau assinalou o fim da primeira fase da internacionalização das H.M. por alguns países lusófonos. Estivemos também em Timor e Cabo Verde e prevemos até ao fim deste ano visitar ainda São Tomé e Príncipe e o Brasil.
Macau significou para nós a confirmação da pertinência em mostrar este projecto fora de Portugal. Através do nosso trabalho, podemos sentir na pele os laços que nos unem a estes povos e a importância de partilharmos uma língua, ainda que ás vezes muito parcialmente. E de como é importante estimular essa partilha nem que seja apenas pelo efeito benéfico e construtivo que é aproximar pessoas. Claro que é muito mais do que isso.
No nosso caso, que contamos histórias com música, esta ajuda a "traduzir" os textos e é outro ponto de contacto, outro meio de aproximação. Muitas vezes nos perguntam como é possível contar uma história em português para crianças que não dominam a língua sem recorrer à projecção de imagens. Mas para nós, contar bem histórias é precisamente conseguir ultrapassar a barreira da língua através de todos os outros elementos que envolve contar uma história: o gesto, a musicalidade, a voz. A capacidade de ouvir sem estar a olhar para uma imagem ao mesmo tempo é uma coisa que fazemos cada vez menos (por causa dos vídeo-clips, de ouvirmos música no computador, de muitos concertos recorrerem a projecções, da televisão, etc.) e é uma pena porque é isso que nos dá a capacidade de imaginar imagens a partir do que ouvimos e nos proporciona uma experiência fantástica e única.
Esta é uma das minhas animações favoritas de sempre: "Hedgehog in the Fog" ("Ouriço no nevoeiro") do russo Yuriy Norshteyn e se se fixarem apenas na banda sonora + narração percebem melhor o que estou a dizer. Experimentem. Oiçam o som das vozes (depois podem ler as legendas e ver as imagens que são a coisa mais linda que já vi).
Em Macau, entre muitas outras coisas mas mais do que tudo, impressionou-me o investimento que foi feito na educação nos últimos anos. Muitas mais escolas, escolas muito bem arquitectadas, organizadas e equipadas, com professores altamente preparados e empenhados.
É o contrário do que acontece em Portugal onde as escolas, cursos e bibliotecas estão a fechar num gesto obscurantista e revelador de um total e inexplicável desinvestimento na educação.
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