quarta-feira, 17 de maio de 2017

Castelo Branco


Estreámos ontem "Uma Galinha" a partir do conto homónimo de Clarice Lispector.
Foi no Cine-Teatro Avenida na linda cidade de Castelo Branco. Este espaço continua a ser programado pelo Carlos Semedo que mantém uma programação inteligente e interessante sem sucumbir a interesses comerciais. Já cá tínhamos estado em 2012 com "Enquanto o meu cabelo crescia" e em 2015 com "Um estranho barulho de asas".
Como sempre, fomos muito bem recebidos pelo Carlos e pelo Miguel (técnico). E, o mais importante, foi a enorme adesão das escolas locais que excedeu as previsões.
Eu a a Isabel estávamos muito curiosos com a reacção das crianças a este conto que não foi escrito para crianças e que não tem um final feliz. Sim, a galinha de domingo acaba mesmo sendo o almoço da família... Mas a história é mesmo magnética e as crianças ouviram-nos em total silêncio presas à narrativa e ao ritmo que a narração e a música imprimem ao texto. Na conversa que tivemos com eles surgiram muitas outras histórias de galinhas de domingo e chegámos juntos à conclusão que podíamos respeitar um pouco mais os animais que acabam no nosso prato. Observámos galinhas num filme que eu fiz: os sons, os movimentos, os seus "tiques". Vimos alguns excertos de bailados do Merce Cunningham ("beach birds") e também galinhas no cinema: "A quimera do Ouro" de Charlie Chaplin e "O navio" de F.Fellini com a cena do hipnotizador de galinhas.

A relação entre texto e música nesta nossa história, é bastante diferente das anteriores e rompe com o o dogma de não usar efeitos nem tratamentos de som.  Há pequenas secções improvisadas e pela primeira vez, usei efeitos no som da guitarra: distorção, loopers, delay's, etc... Infelizmente, não filmámos nem gravámos mas isso será feito em breve.

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