quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Paul Auster e JM Coetzee
No âmbito do Estoril Film Festival, fui hoje assistir a uma leitura de fragmentos das cartas que os escritores Paul Auster e JM Coetzee trocaram entre si durante quatro anos e que em Maio último publicaram em livro. Foi no auditório do Museu da Ciência em Lisboa, um espaço lindo onde antigamente aconteciam aulas (excluíndo a feira do livro, acho que foi a minha primeira experiência de salão literário... nem sequer li o JM Coetzee). A sala estava à pinha e fiquei a pensar como duas vozes a ler podem prender totalmente a atenção de uma plateia durante uma hora. Apenas histórias/pensamentos, lidos magistralmente pelos seus autores. Felicito este festival de cinema que integra na sua programação coisas como esta, que de certa forma, são actividades anti-imagem. Falou-se da imagem, sim, mas das imagens que a literatura projecta na cabeça do leitor. E não foi preciso uma tela de projecção para mostrar como pode ser. O tempo que se estabelece sem a imagem é outro, é o tempo da palavra, do som, é virado para dentro. Estes momentos são cada vez mais raros na nossa vida e dou por mim a delirar de prazer quando, por exemplo, se sintoniza a Antena 2 e ainda se ouvem vozes de pessoas a pensar em directo, sem grandes restrições de tempo, publicitárias, comerciais ou outras (Cada vez gosto mais de rádio - antena 2, alguma TSF - e cada vez detesto mais as televisões. A propósito disto, existem uns aparelhozinhos que se vendem baratos na internet e que permitem desligar qualquer televisão. Fartei-me de desligar televisões públicas até perder o meu. Mas vou investir noutro e convido-vos a fazer o mesmo.)
Fiquei por isso muito contente por ter ido assistir a esta sessão (ainda que às vezes tropeçasse no inglês) porque é esta simplicidade na apresentação que procuro com as Histórias Magnéticas.
Sim, trata-se mesmo de contrariar a crescente dependência na imagem.
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