Faço parte da imensa minoria de seguidores de longa data da RTP 2. Longe de ser perfeito, este canal ainda passa cinema de autor, curtas-metragens, documentários de toda a espécie, debatem-se temas culturais nacionais e internacionais, vêem-se outros desportos que não o futebol, ouve-se algum Jazz, alguma música clássica, as melhores séries e tudo sem intervalos de 20m de publicidade. Claro que isto é uma coisa esquisita a este governo porque não dá lucro e nem toda a gente gosta. Por isso, penso que a decisão de fechar este canal é a medida mais simbólica das intenções deste governo: acabar com tudo o que não tiver um número de espectadores considerado suficiente e, por tabela, com toda a criação artística não lucrativa. Nesta lógica, não será de estranhar que em breve se comecem a fechar os conservatórios de música, de teatro e de dança. Toda a arte sem fins comerciais deve mesmo acabar porque não sendo materialmente lucrativa, torna-se dispensável (e também inconveniente, porque faz pensar). Por coincidência, no mesmo dia em que soube desta intenção do governo, ouvi uma entrevista formidável à actriz e encenadora Fernanda Lapa, na Antena 2, e horrorizou-me pensar que esta estação de rádio irá pelo mesmo caminho e com isso silenciar-se-ão ainda mais todas as Fernandas Lapas, todas as vozes que não alinham neste modelo de vida ausente de arte e imaginação, de pensamento, de lugar à diferença, um modelo totalmente estupidificante que nos é imposto por seres anestesiados que nos querem anestesiar a todos. Abaixo a extinção da RTP 2!
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