O Pedro Gonçalves era um músico fora de série e uma pessoa excepcional. Tocámos juntos bastantes vezes nos anos 90 nalguns projectos ligados à dança. Num desses encontros, durante um ensaio geral num teatro grande qualquer, acho que no Rivoli no Porto, eu tive uma branca total, bloqueei, e o ensaio foi interrompido. Instalou-se um silêncio insuportável - a guitarra não entrou! - e o Pedro, com a sua calma e sabedoria de sempre, no meio daquela suspensão descontrolada, olhou-me nos olhos e disse “calma, respira fundo, temos todo o tempo…”. Eu fiz o que ele me disse, abracei o momento e tudo prosseguiu normalmente. Nunca mais me esqueci.
Era assim o Pedro, dessa categoria de pessoas raras e boas, os melhores. Obrigado Pedro!